O maior e mais maligno dos cânceres humanos começa quando esquecemos de amarmos primeiro a nós e amamos em demasia o outro. A falta do amor próprio faz com que deixemos escapar a coisa amada, faz com que ela escorregue por entre os vãos dos dedos e como a água que desce pelo ralo, se esvai. O pedestal é lugar pra se colocar o santo, o oco, o que não sente, o que não vive. Amor, nem de longe, merece lugar de exaltação. Antes, tenha adoração pelo trabalho, pelas conquistas, pela leitura, por um bem que seja comum a todos os seres que compõe a raça humana. E, se der tempo, ame. Ame a si mesmo. Em primeiro lugar. Vale lembrar que: coração não é tão simples quanto pensa, nele cabe o que não cabe na dispensa, cabe o meu amor. O seu amor. O nosso amor. Mas o amor de cada um é coisa que só o próprio dono pode guardar. É simples. É puro. É virgem. Seu sabor e seu cheiro são únicos e com nada se comparam. Carregam a identidade e o DNA de cada um, no entanto, com o tempo ele se altera, se modifica, cria e se apresenta em outras formas, transmuta, transfigura, sucumbe, sufoca, morre. O amor pelo outro sempre será para sempre até que acabe, e sim, ele sempre acaba. O que acontece é que por diversas vezes o ser humano aceita a condição de parasitismo e depois de se adaptar a uma situação ( que pode até estar insuportável ) ele a releva... engole... suporta... Por pura conveniência. Medo de mudar, de ousar. Pelo costume de já conviver com a angústia e o sufoco de já não amar mais o outro e nem a si mesmo. Eis aí um vegetal.
Thiago Fontinelly'
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